MANHÃ DE PRIMAVERA

Deserto! Quebradiço, o chão fenece,
e a morte sorridente, reaparece,
promovendo a mais triste solidão!
Os pobres animais em seus suplícios,
buscam dos alimentos, seus resquícios...
e a busca, quase sempre, faz-se em vão.
As plantas, desoladas, vão murchando.
A vida vai, aos poucos, se esgotando...
o povo vai se unindo em oração!
A fome vai plantando insanidade...
e Deus! Onde estará sua bondade,
que deixa sucumbir o meu sertão?!
O tempo vai passando... e um retirante
em passos lentos, segue, delirante
deixando para trás o seu torrão!
Seus filhos já nem brincam, desnutridos...
e o pobre agricultor, sente perdidos
seus sonhos de divina salvação!
Mas eis que teve fim a grande espera...
e foi numa manhã de primavera
que a chuva despencou em profusão!
E o povo numa grande romaria,
tomou a catedral, com alegria,
louvando a Deus, em prantos de emoção!
As plantas renasceram, tão viçosas...
os animais... os rios... belas rosas...
tudo, enfim, ressurgiu na imensidão!
E a vida, com imensa liberdade,
é fruto de uma eterna caridade
da mais bela e romântica estação!

CONVIDADO: LUIZ ANTONIO CARDOSO

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