Gente, quanta injustiça
Se me chamam de ladrão
Só porque tendo acesso
Às verbas da educação
Delas desviei um pouco
Para a conta de um irmão.
Que coisa ingrata, o povo
Que não me conhece direito
E vai engrossando a onda
Mostrando-se insatisfeito
Dando ouvidos a conversas
De quem odeia o prefeito.
Um cidadão como eu,
Homem de grande estatura,
Fez apenas o que se faz
E que o povo sempre atura
Estufando minha conta
Com grana da prefeitura.
E tem ainda a imprensa
Com seu inútil palavrório
Provando por a mais b
Que até supositório
Alguns milhões eu comprei
De um tal laboratório.
E tem a história recente
Da propina da merenda
Onde um ex-assessor,
Homem que não se emenda,
Disse que alguns milhões
Eu faturei só de prenda.
Mas a vida continua
E meu governo também
Mesmo havendo quem diga
Que à cidade convém
Despachar esse prefeito
Se possível para o além.
E alguns mais atrevidos
Pedem minha cassação
Pois não suportam a cidade
Vivendo a contradição
De ser tão bem governada
Por um honesto ladrão.
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