Se o juiz não anulasse
A sessão de outro dia
Esse velho vereador
Homem de sabedoria
Uma desculpa cabeluda
Tão depressa inventaria
Podendo ser uma viagem
Ou quem sabe pescaria.
Ciente das conseqüências,
Na câmara eu não iria
Pois não sou de enfrentar
O furor da galeria
Gente teimosa e burra
Sem noção da baixaria
Que impera nos negócios
Da política hoje em dia.
Mesmo que a imprensa,
O Contato e o Bom Dia,
Diga que sou vendido
E faço o que não devia
Defendendo o prefeito
Que aprontou na luz do dia,
Não mudo de opinião
Pois nós temos parceria.
No exercício do mandato
Eu não tenho hipocrisia
Já me acertei com a ACERT
Faturando o que devia,
Também comi na merenda
A mais fina iguaria
Regada a maços de notas
Entregues numa padaria.
Não importa se tem gente
Que meu nome associa
À muito bandido e safado
Que nosso povo expropria,
Importante para mim
É usufruir no dia a dia
De vantagens e benesses
Que só me dão alegria.
O submundo da câmara
Não é lugar de poesia,
Só tem negócio e cifrão
E muita grana que daria
Para acertar a saúde
Se não fosse a anomalia
De desviá-la para o bolso
De algum rei da baixaria.
Portanto esse vereador
Conforme já se sabia
Que precisou de seu voto
Jamais agora votaria
Para afastar o prefeito
E acabar com a sangria
Que sofre na prefeitura
O imposto pago em dia.
Que esse pingo de gente
Prossiga com sua folia
Num show de acusações
Coisa que eu não faria
Até porque sou bem pago
E mais o prefeito daria
Para amigos de verdade
Que o salvaram de uma fria.
Autor Convidado: Silvio Prado
Um comentário:
Parabéns mais uma vez Silvio... lucidez com poesia... sensacional..
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