Pinheirinho, a luta continua

Não seja besta a polícia
De impor sua repressão
Nas terras do Pinheirinho
Onde existe a união
De sem-teto e toda gente
Um povo quase irmão
Disposto a dar sua vida
Em defesa de seu chão.

Essa polícia sacana
Matadora e truculenta
Se entrar no Pinheirinho
Nosso tranco não agüenta
Em meia hora de luta
Ela logo se arrebenta
Mesmo que use escopeta
E o famoso spray pimenta.

E vai ter tanto “policia”
Com o beiço arrebentado
Canela e joelho sangrando
E o “zóio” revirado
Depois da carga feroz
Que chegou de todo lado
Por estilingue certeiro
Sabiamente manejado.

Policial de farda nova
E com pose de machão
Depois de uma estilingada
O bicho se encolhe no chão
Berrando feito criança
Com o saco preso à mão
Tentando matar a dor
Que arrancou o seu tesão.

E um tenente insensível
Pede que ele se levante
E vá enfrentar os sem-teto
Mesmo no preciso instante
Quando um belo Molotov
Explosivo e arrepiante
Queima mesmo até a cueca
Desse oficial petulante.

E segue assim a batalha
Em que jagunço fardado
Usando arma moderna
Custeada pelo Estado
Conheceu bem de pertinho
O sem-teto desprezado
Que mostra com sua luta
O quanto está preparado.

Nessa batalha impossível
E com armamento maluco
O povo do Pinheirinho
Como se jogasse truco
Trata o choque da policia
Que sai correndo sem lucro
Pra esconder sua vergonha
Talvez lá em Pernambuco.

E assim se faz a luta
Pra defender o seu chão
Usando rústicas lanças
Estilingues de montão
Porretes pontiagudos
Pregos e até vergalhão
E como arma de fogo
Foguetório de rojão.

É desse jeito que luta
Contra tropas do Estado
Com soldado escolhido
Depois de muito treinado
Arma moderna na mão
Escudo bem desenhado
Verdadeiro cão feroz
Devidamente amestrado.

Se mandar bater pesado
Ele bate com tesão
Mesmo que algum amigo
Um parente ou irmão
Estejam do outro lado
No interior da ocupação
Lutando por seu direito
Defendendo sua razão.

Para defender ricaços
E o direito à propriedade
O soldado que mal ganha
Pra manter sua integridade
Violentando a si mesmo
Age com severidade
Cumprindo a ordem burra
Vinda de uma autoridade.

É uma pena que a policia
Faça assim papel tão feio
Obediente à ordem injusta
E mostrando pra que veio
Sem vergonha de usar
A violência como meio
Arrepiando gente pobre
Jamais lhe dando recreio.

Felizmente, nem um tiro
Ou certeira bordoada
E nem mordida de cão
Que estava programada
No Pinheirinho se viu
Pois a (in)Justiça acuada
Cancelou por algum tempo
A batalha encomendada.

Mas é preciso dizer
Em cordel e ficção
Que o povo do Pinheirinho
Da luta não abre mão
Mesmo que o Estado burguês
Usando uma falsa razão
Use a justiça e a policia
Como armas de pressão.

Mesmo que o tal de Cury
E muito juiz sem juízo
Assinem leis e decretos
Que só trazem prejuízo
O povo do Pinheirinho
Vai fazer o que é preciso
Resistindo bravamente
Sempre de modo conciso.

Armado de pau e pedra
Foguetório de rojão
Estilingues atrevidos
Muito caibro e vergalhão,
Além de contar com apoio
De toda a população
Só a vitória interessa
Contra a especulação.

E lutando pela terra
E também por moradia
Essa gente lutadora
Busca uma democracia
Que ultrapassando o voto
E a banal demagogia
Enquadra quem no poder
Só governa à revelia.

E sustentar essa luta
Contra um inimigo insano
É coisa que todo pobre
Deve fazer sem engano
Pois se trata de uma luta
Que atravessa todo ano
Pra derrotar quadrilheiros
E todo bandido tucano.
Autor Convidado: Silvio Prado 

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