O PREÇO DA SACANAGEM (OU SEJA,DA PASSAGEM)


A câmara e a prefeitura
Por certo levando vantagem
Prometem para novembro
Uma outra sacanagem
Aumentando no transporte
O preço de sua passagem.

Senhora de tanta grana
A ABC não se contenta
Pois a passagem de hoje
Custando dois e quarenta
Com o aumento combinado
Vai custar dois e oitenta.

Essa nova investida
Que só enriquece a empresa
Coisa velha como a roda
E sem mostrar sutileza
Outra vez ferrando povo
Não traz nenhuma surpresa.

O aumento dado agora
Traz muita  indignação
Pois o preço da tarifa
Ao sofrer elevação
Traz com ele um reajuste
Bem maior que a inflação.

E mesmo sendo votado
E visto como legal
O preço aqui em questão
Como é tradicional
Mesmo amparado na lei
Não há dúvida, é imoral.

Se transporte é direito
Inerente ao cidadão
Não pode uma empresa
Botar sob exploração
Um serviço que é público
E provocar exclusão.

Todo preço de passagem
Devia ser controlado
Ou não ter preço nenhum
Sendo que é função do Estado
Garantir o ir e vir
Sem a lógica do privado.

Mas o poder da empresa
E as razões do capital
Botam câmara e prefeitura
Encerrados num bornal
E fazem do preço abusivo
Uma prática habitual.

Em trajetos tão pequenos
O preço está  mesmo abusivo
Não havendo integração
E nenhum outro motivo
Que justifique um valor
Que para o povo é lesivo.

O que se cobra obedece
A um plano irracional:
Paga-se andando pouco
E também andando mal
Por trajetos diferentes
Paga-se um preço igual.

Quem sai da Gurilandia
Indo até o Santa Teresa
Desembolsa igual valor
De quem vem da Baroneza
E desce na Epaminondas
Ou em sua redondeza.

O mesmo preço se paga
Para ir ao Imaculada
Saindo da Rodoviária
E andando quase nada,
Preço igual e semelhante
De quem vai ao Esplanada.

E sempre pagando caro
Segue o povo mal servido
Em ônibus que vai pelas ruas
De um jeito conhecido
Soltando da lataria
A cada metro um gemido.

Pela tal hora de pico
O que se vê em toda linha
É o pobre taubateano
Numa angústia que definha
Em busão superlotado
Igual lata de sardinha.

E o muito que se paga
Só garante o desconforto
Com passageiro espremido
Sufocado e meio torto
Torcendo pra ficar vivo
E não chegar em casa morto.

Esse povo ensardinhado
Em voz baixa até reclama
Mas ninguém lhe dá ouvidos
Enquanto empresário mama
E os que governam essa terra
Se afogam em mar de lama.

Vai um dia que esse povo
Tratado como boiada
Resolva romper as cercas
Bloqueando rua e estrada
Exigindo que outra empresa
Faça aqui sua empreitada.

E de forma contundente
Tendo mais de um motivo
Que ele exija pra si mesmo
Um controle imperativo
Da política de transportes
Incluindo o Alternativo.

E quebrando o monopólio
Que lhe é prejudicial
Que a cidade então opere
Esse serviço essencial
Atendendo a todo mundo
Sem ter preço desleal.

Autor Convidado: Silvio Prado


Um comentário:

Meyre Lapido disse...

Muito legal!
Dá até pra por dois violeiros cantando isso como repente na praça D Ipaminondas pra todo mundo ouvir. Amei!