AONDE VAI O MEU DINHEIRO


Por sorte, ou talvez por hábito, mas, muito mais provável, por vício… Sim! Na verdade, acho que vício é o que caracteriza melhor esta minha loucura por livros.

Tem dias (Vários Dias; Quase todos os dias) em que acordo elétrico; sou ligado no 220. Durmo pouco, leio muito, falo muito, trabalho muito, toco muito (No sentido de tempo tocando. Antes que me atirem pedras); e como diz a minha querida Claudia: resmungo muito. Sou o eterno “Exagerado” em tudo. 

Esta sensação quase diária ao acordar, já não me é estranha; sensação esta de querer e querer, cada vez mais, comprar livros. Se não compro sofro. Doe-me o estomago, a cabeça, as costas; fico perturbado. Até que: vencido pelo desejo, vou até a livraria e compro! Para comprar livros eu sempre arrumo dinheiro. Para outras coisas… Deixa para lá. Arrumo qualquer desculpa para ir até uma livraria. Mas, a que mais uso, e é a que mais cola, é a de convidar a minha esposa para almoçar ou jantar fora. E por sorte, ou, um caminho pré-traçado por mim, sempre passamos em frente a uma livraria. Por um lado, acabo fazendo uma boa ação não só para a minha eterna busca por conhecimento, e pela minha satisfação em comprar um livro; mas, também, à minha amada esposa, que detesta cozinhar quase na mesma proporção que ama que eu a leve para comer em algum restaurante. O de sempre: (Mc Donalds). Eca… Na hora é bom, mas depois… Mas para comprar um livro vale o sacrifício. Vida de casado é assim: temos que encontrar boas desculpas para os gastos… Nesta vida, tudo é uma troca.

Quando coloco os pés em uma livraria, entro em um transe que me tira da realidade do mundo, e leva toda a minha curiosidade e desejo para dentro de cada um dos livros espalhados pelas inúmeras prateleiras. Fico louco. Em êxtase. Ando de um lado para o outro. Pego nas mãos, folheio, leio trechos, cheiro, observo atentamente inúmeros livros. E com muita cautela, escolho aqueles que “desta vez” farão parte de minha coleção, digo: “Desta vez”, pois naturalmente, voltarei para buscar os outros.

Não me recordo a última vez que comprei uma meia ou uma camisa. E também não me recordo a última semana que não comprei um livro, ou dois… Talvez mais. Hoje! Este dia que escrevo, comprei quatro. Neste mês foram doze.

Como todo apaixonado por livros, o melhor momento “Além do momento de comprar” é o de ler. Pegar nas mãos aquele volume tão bem escolhido; folhear as inúmeras páginas com cheiro de “Novo”; ler a contracapa; ler a sinopse; acaricia-lo. Por fim: escolher um local para a leitura. Confortável ou não, silencioso ou não, tanto faz; pois para quem gosta de ler, o que importa é o livro. Pare ler, devemos aprender a nos desligar do mundo. As vezes eu leio enquanto meu filho me faz de prancha de Surf, de saco de boxe, de colchão, entre outras invenções de sua fértil imaginação. Abrir as páginas de um livro e se deliciar com a leitura, é como nascer novamente a cada história. 

Como sou um comprador compulsivo, sempre tenho muitos livros para ler. Uma coleção enorme. E como acontece com os ricos, que por vezes não sabem para qual País da Europa viajar, ou qual carro usar naquele dia específico; com tantos livros, inúmeros livros, é difícil escolher qual ler primeiro. Mas é ai que toda a minha eletricidade faz justiça à minha falta de sono. Leio até sete livros por vez. E juro! Não me enrolo com as histórias. Não me pergunte como faço. Só sei que faço. Claro que mantenho uma certa organização. Tenho o livro de ler na minha sala; o livro de levar para a casa dos meus pais aos finais de semana; o livro de ler no quarto; o livro de ler no banheiro; o livro de ler de manhã; o de ler a tarde (Quando falta algum aluno, e fico com uma hora vaga); o de ler a noite, quando minha amiga insônia vem passar as suas horas vagas ao meu lado. Enfim: há livro para toda ocasião. De algum tempo para cá, entre tantos livros, eu comecei ler a Bíblia. Não para virar um tolo, ou um chato, e querer propagar as palavras de Deus a todo instante como muitos fazem, o que me incomoda e muito, mas sim, pela bagagem literária que a Bíblia nos trás. Ter um conhecimento profundo, para poder mandar à merda um imbecil metido a religioso, quando este falar bobagens. Ufa! Desabafei.

Todo livro tem a sua essência. Basta saber aproveitar.

Neste mundo, existem muitas pessoas apaixonadas por livros, não o suficiente, pois se houvessem mais leitores, haveria menos desgraça; mas ainda sim, há muitos. 

Tem aqueles que leem jornal, revistas, outdoors, cardápio de boteco, revista pornográfica, livro de receitas, prontuários médicos, bulas de remédio; e tem até aqueles que acham que bisbilhotar as atualizações do amigo no Facebook conta como leitura. De um tempo para cá, há aqueles que aderiram aos famosos e-books. Acho válido. O que importa é ler. Eu particularmente não gosto. Prefiro pegar o livro nas mãos. Dai vem parte da paixão. Ler um e-book deve ser como fazer sexo virtual, sem contato físico. Mas cada um na sua.

A magia contida nos livros é de suma significância e importância para o ser humano. Seja qual for o gosto: Romance; Ficção; Poesia; Contos; Crônicas; Gibis; ou, como diziam os antigos: “Revista de mulher pelada”. Não importa! Leia!

No mundo em que vivemos o livro chega a ser uma salvação! Pelo menos de algumas horas diárias.

Sou grato por ter um vicio bom. No qual, o único prejudicado é o meu bolso. 

Pois, é na compra de livros que gasto todo o meu dinheiro.


Autor Convidado: Ricardo Altava





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