INADEQUAÇÕES POÉTICAS

Ser poeta é uma espécie de não ser
Não caber muito bem nas gretas visíveis
A vida com seus becos cada vez mais estreitos
Agora sem mil portas
Ter poeta é não ser condição
A canção temporariamente apoderou-se da sua rima
Proibiram a inspiração
Amém que se diga ao não fazer sentido
Cada poeta tem seu esquecimento que merece
Pagão de tantas ideias por essas janelas
Poema piada verso suicida e de novo a velha medida
Ser moderno ou ser eterno eis a confusão
O poeta é o vento ou o seu tambor? Nasce do silêncio profundo?
Do barulho raso... Esperto o menestrel que tange seu instrumento
Quem sabe um cantor das multidões?
Quem sabe os reis aos seus pés? Sonha o poeta mortal
E o final ele já tem e esconde
O que ronda em pompa e basta um alfinete
E adeus
Como era bonito aquele lado de dormir a sua dor
Lábio que sorriu ao se despedir até nunca mais
O poeta é como qualquer filho da puta que não pariu e não se arrependeu

Autor Convidado: Guerá Fernandes
http://guerafernandes.blogspot.com/

Nenhum comentário: