Romaria

ROMARIA I

Pouco mais  de meia noite
Sob o escuro da estrada
Uma estranha romaria
Começou sua caminhada
No rumo de Aparecida
A cidade abençoada

Alguma  gente se juntou
Nessa estranha romaria
Com o prefeito Peixotinho
E sua imensa confraria
Caminhando pela noite
Até que venha a luz do dia

Justificou o prefeito
Que é de sua obrigação
Andar quarenta quilômetros
Com os pés rasgando o chão
No mais duro sacrifício
Em sinal de gratidão.

O homem está agradecido
Por ainda ter mandato
Curtindo sempre o bem bom
Sob tão rico aparato
E para festejar o  feito
Criou o ridiculo fato.

Dizem que Roubertinho
É homem de muita fé
Extremamente religioso
Pagando promessas a pé
Mesmo fazendo mutretas
Que envergonham Taubaté.

Tomara que na romaria
Debaixo do céu escuro
Ele se lembre daqueles
Que vivem passando apuro
Sofrendo no pronto socorro,
Local fétido, obscuro.

E se lembre ainda mais
De quem não tendo suporte
Sob descaso e abandono
Tiveram a triste sorte
De conhecer no PS
O frio abraço da morte.

Que ele também se lembre
Da pobreza da merenda
Que fez criança engolir
Comidinha tão horrenda
Enquanto gente na prefeitura
Engordava sua renda.

Certamente vai com ele
O sexteto da vergonha
Um bando de vereadores
De performance bisonha
Aqueles que na política
Trocam voto por pamonha.

E pra animar a romaria
Vai o cantor do mercadão
Soltando a voz estridente
E empunhando um violão
Talvez abafando a buzina
De um potente caminhão.

Apesar de sua obra
Que arrebentou a cidade
Todo dia apresentando
Um ato de improbidade
O prefeito anda tranqüilo
E mostra serenidade.

Por isso, nessa madrugada
Do descanso ele abriu mão
E beirando a via Dutra
Comandou com decisão
O que o povo agora chama
De romaria da corrupção.

ROMARIA II

Não tinha na romaria
Nem caipira  pirapora
Mas gente de fino trato
Dessas que às vezes ora
Agradecendo pela verba
Que ela vai levar embora.

Não era uma romaria
Como pede a tradição
Onde se paga promessa
E se mostra gratidão
Pela graça recebida
E pela consideração.

Mas era uma romaria
Vazando pelo escuro
Beirando a Via Dutra
Por motivo obscuro
Que quase  tira do povo
O seu direito ao futuro.

Poderia ser romaria
Ou até uma procissão.
Mas o certo é que ela
Contrariando a tradição
Agradecia pela “graça”
Conferida a um ladrão.

AUTOR CONVIDADO: SILVIO PRADO

Um comentário:

Regina Helena disse...

você foi perfeito,adorei!!!
parabéns!!