Rio marítimo

A arte líquida
reflete no vazio
o mar dentro do rio
se espraiando com sono

num ritmo incômodo
o vômito repete
em si mesmado
e sem dono

O primitivo
é o que está vivo
e remanesce marítimo
em remanso abandono

o nascer diário
e o ter sobrevivido
verde e úmido esgoto
de lixo e escombro

O corpo e a sede
lambendo-se desse lodo
engolido por um olho a olho
e se transformando

neste morrer desesperado
por ter sido leito
a leito e o rio-rio
só se é navegando


Autor Convidado: Guerá Fernandes

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