Uma outra canção

Trêmula e enlouquecida
A tua noite não sucedeu
A paixão feroz e corrosiva
Deste teu desejo ateu.

Abrirão nuas as portas
Da insólita e incerta aurora,
Paisagem, cinzas mortas
A solidão nos espera lá fora.

E a cada passo vacilante
Talvez ainda te encontre com vida,
Mesmo sem saber se é relevante
Viver está existência falida.

Então como identificarei você?
Maquiada de tanta ambigüidade,
Se não consigo sequer reconhecer
A minha própria identidade.

Restará enfim, a finada magia
De te amar mesmo sem motivo
E conviver com tamanha agonia
Ao saber que agora apenas vivo.

Trêmula e enlouquecida
A tua noite não amanheceu,
Abraçarei tua sombra viva
E o sonho que já morreu.


Autor Convidado: André Bianc

Nenhum comentário: