TRECHO DAS NOTAS TAQUIGRÁFICAS DO DISCURSO DO SENADOR EDUARDO SUPLICY SOBRE A I MARATONA POÉTICA DO VALE

Quarta-feira - Brasília, 31 de agosto de 2011.
" ... Gostaria, também, Sr. Presidente, de aqui assinalar a Maratona Poética de Taubaté, pois, no último final de semana, foi realizada a Primeira Maratona Poética do Vale, na Cidade de Taubaté, São Paulo, promovida pela Subsede de Taubaté da APEOSP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, pela Confraria do Coreto e pelo Grupo Ambiental Jeca. Participaram cerca de 60 poetas de toda a região que engloba os Municípios de Pindamonhangaba, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, São Paulo, Jacareí e Campos do Jordão.
Entre os poetas e organizadores destacam-se André Bianc – economista aposentado e poeta, Fernando Borges – professor da rede estadual de ensino, Sílvio Prado – poeta, funcionário da APEOSPE, que faz literatura de cordel, Luiz Antonio Cardoso – Presidente do Clube dos 21 Irmãos-amigos de Taubaté e Presidente da Seção de Tremembé da União Brasileira de Trovadores, Alexandre Malosti, Alessandro Bertholli, Wagner Souza, Carmem Silvia Baptista, Paola Martins, Luiz Márcio, Rafael Martins, Leandro Monteiro, Tereza Bendini, Karina Aldrighis, Benilson Toniolo.
Às 5h30 da manhã de sábado, 27 de agosto, iniciou-se a 1ª Maratona Poética do Vale. Foram 42 horas ininterruptas de declamação de poesias, onde catorze mediadores revezaram-se na condução do evento, ao lado de dezenas de convidados, não deixando um minuto sequer a poesia parar, nem mesmo nas sonolentas horas da madrugada ou ao alvorecer do dia. As pessoas só pararam de declamar às 23h30min de domingo, 28 de agosto. Foram lidos poemas dos mais consagrados poetas brasileiros e internacionais de todos os tempos, como Vinícius de Moraes, Drumond, Augusto dos Anjos, Paulo Paes, Mário Quintana, Araújo Jorge, Casemiro de Abreu, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, Affonso Romano, Olavo Bilac, Manoel de Barros, Adélia Prado, Jorge de Lima, Castro Alves, Leminsk, Manuel Bandeira, Pablo Neruda, Paul Verlaine, Baudelaire, Jorge Luis Borges, Lorca, Florbela Espanca, Gil Vicente, enfim, inúmeros outros nomes e obras que foram declamadas por poetas, estudantes, donas de casa, professores e trabalhadores em geral. Muitos adolescentes estiveram presentes, alguns, inclusive, lendo poemas criados por eles próprios.
Da cidade de Taubaté e da região do Vale da Paraíba estiveram presentes e participando das atividades pelo menos sessenta poetas, todos eles lendo e declamando suas obras.
Poetas locais e regionais como André Bianc, Leandro Monteiro, Mauro Valle, Luiz Antonio Cardoso, Maloste, Teresa Bendini e dezenas de outros. Todos os gêneros de poesia foram lidos e declamados, inclusive letras de canções populares e literatura de cordel.
O evento também contou com a transmissão ao vivo, via Internet, para todo o mundo, e inúmeras pessoas de várias partes do país entraram em contato, apoiando a Maratona e dizendo que a estavam acompanhando em tempo real.
Além de registrar a realização da 1ª Maratona Poética do Vale, ocorrida neste final de semana em Taubaté, São Paulo, aproveito para parabenizar responsáveis pela organização do evento, que por essa atividade recriaram o sentido de que a poesia não morreu. Se ela estava no íntimo de cada um, se estava no interior de suas casas, por essa Maratona ganhou outra vez as ruas, a praça, o público.
A poesia vive e sobrevive com o bom de cada um de nós. Assim, em homenagem a essa Maratona Poética do Vale, leio aqui, de Mauro Valle, as Graças de Tremembé:
Garças de Tremembé
Clareai a minha hora
Ó arrozais erguidos
Na solidão da planície
Tecei para mim
Portas de vento e verdes
Um riso que seja o rio
Da serrania de meu coração. Vinde, meus irmãos
Ouvir as alvoradas
Que os homens não quiseram entender
(...)
À luz da salmodia
Cifrão. Garças de Tremembé
Irmãs da inocência
Que às vezes perdi
Quem sou senão esquecimento?
Que sois senão as asas que me restam?
Vosso vôo em branco
Antigo chamamento
Agora é meu ser amanhecendo. E, definição da poetisa Teresa Bendini:
"O poeta tem um pouco de filósofo,
tem um pouco de astrônomo,
um pouco de botânico,
um pouco de ridículo,
um pouco de bucólico,
um pouco de não dito."
E do poeta Leandro Monteiro, “Lençol”:
És mais sutil e suave
Que o canto do pássaro...
És o mais fino tecido
Vindo da pele mais áspera...
És, também, mais claro
Que qualquer luz acesa...
És o que encobre teu corpo
Na hora mais negra...
Feliz sou eu de ver a lua...
Estar em lua diante de ti,
Envolta ao lençol
A suspirar-me. E, ainda, a “Licitação Modelo”, do poeta Silvio Prado:
O prefeito da cidade
Abriu uma licitação
Para comprar livro e caderno
E ajudar a educação
E contratou uma empresa
Que faz refrigeração
Para concorrer com outra
Especialista em pão
Conhecida padaria
De rolo e esculhambação.
O gerente do ensino
Se disse muito satisfeito
Com tão boa e bela compra
E agradeceu pelo feito
Mesmo que livre caderno
Tenham vindo com defeito
Uns sem capa e nem folhas
E nada escrito direito
Todos porém ostentando
O retrato do prefeito.
E, assim, estão aí exemplos da contribuição desses poetas ali, do Vale do Paraíba.
Muito obrigado, Sr. Presidente."
Senador Eduardo Suplicy

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