Moro onde os viadutos
ainda não cobrem
as montanhas – azuis
Moro onde as árvores
ainda se impõem, Resistentes,
mesmo que ordinariamente
Moro onde sinto o cheiro
da terra molhada
quando chove...
mesmo sendo asfalto
Moro onde as pessoas
ainda se cumprimentam
na rua
mesmo que com um sorriso
apenas sorriso sincero
de caipira
Sorriso maroto
de criança suja descalça no chão
Sorriso matreiro
de moleque
achando que Sabe
Tudo
da vida
Moro onde o céu
ainda é azul
e as nuvens (pasmem): Brancas
Puras, Transparentes
Formando desenhos mil
Disformes
Moro onde as
Damas
da Noite
me fazem a Corte,
somente à noite
quando passo diante seu jardim
impingindo-me toda
com seu inebriante
perfume doce, irresistivelmente
Doce
Moro onde os pássaros,
quando neles penso,
me visitam fortuitos,
por entre minha janela aberta
e me abandonam logo,
assim como chegam e cantam
Cantam para mim!!!
e se vão
E aí tento aprender
(embora eu não precise permitir)
A deixá-los ir
Livres a voarem
Moro onde as cores gritam
em seu extraordinário silêncio
e em tudo parecem falar comigo
Moro onde ainda resta
um cadinho d’esperança
Moro onde a poesia em sua
extrema simplicidade
é imperfeitamente perfeita.
Convidada: Camila Lescura
Convidada: Camila Lescura
5 comentários:
lindo, Camila
Você é a poetisa imperfeita mais perfeita que existe. Adorei!!!
Teresa
Camila,
Bela poesia, bem perceptiva.
Este trecho me fez pensar:
"Moro onde ainda resta
um cadinho d’esperança"
Encadeamento simples e profundo, neste trecho senti a poesia se universalizando.
Parabéns.
Gostei!=) "Cantam para mim!" < d+ O 'mineireis' tbm ficou carismático pakas > "cadinho".
Abraço! (Helton Gouvêa)
você acreditaria se eu dissesse que também moro Lá? só não sei com ainda não nos encontramos. parabéns pelos versos acalentadores... parabéns, não! OBRIGADO!!!
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